Era uma vez um menino. Um dia ele encontrou no seu caminho para a escola duas pedras muito bonitas. Lindas as pedras. Tão bonitas que deu-se ao trabalho de abaixar-se e pegá-las.
Tendo guardado seu mais novo tesouro na mochila, seguiu seu caminho. Na aula do dia, aprendera sobre o poder de combustão de alguns produtos e discutira logamente com a professora sobre o ditado "quem sai na chuva, quer se molhar": será que quem brinca com fogo quer se queimar?, pensava ele.
Voltando para casa... Bem, voltando para casa decidiu pesquisar sobre aquelas pedras, aqueles dois belos achados. Deu um google aqui, uma "wikipediada" ali e descobriu que as pedras tinham até um perfil no orkut!
É! Isso mesmo! Perfil no orkut e MSN! Mas as pedras eram dele! Não poderiam continuar assim, em lugares públicos, expostas... Estariam elas querendo ser de outras pessoas (ou de outra pessoa, assim mesmo, bem no singular)?
Pois foi então que pensou: "Vou fazê-las falar de um modo ou de outro". E "o modo ou outro" foi um pensamento que lhe ocorreu porque sabe bem ele que pedras, assim como as rosas, não falam. Decidiu então esfregá-las uma nas outras, como faziam os homens... Que homens?, pensou ele. Sim! Os homens da caverna...
- E para que eles esfregavam pedras umas nas outras? - perguntou-se em voz alta.
Não sabia o coitado, sem ter descoberto que estes homens antigos usavam as pedras para fazer fogo que ele, talvez, estava prestes a queimar-se. Seja com as pedras, no sentido de que encontraria fogo quando elas falassem, seja no sentido de ficar com a imagem abalada para as pedras, que nunca mais o veriam com os mesmos olhos.
E assim, quando me despeço silenciosamente dele, vejo-o preparando-se para o primeiro bater de uma pedra na outra... Pois é, sabem o que ele fez? Adicionou-as no MSN e espera que elas confessem.
p.s.: carpe diem!
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